Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal
Exmas. Sras. e Srs. Deputados Municipais
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal
Exmas. Sras. e Srs. Vereadores
Exmos. Convidados
Exmas. Sras. e Srs.
Comemorámos, uma vez mais, com regozijo, esta
data histórica para o nosso país e para o seu povo.
É
inevitável que se fale naqueles que a tornaram possível, pois foi graças a
eles, aos corajosos militares de Abril, que enfrentaram sem temor o regime
fascista da altura, que todos hoje podemos gritar liberdade!
Passaram-se
então 38 anos!
Hoje
festejamos essa importante data.
Mas não
estamos particularmente felizes!
Hoje,
sentimos que afinal a liberdade que nos foi oferecida pelos militares, não foi
para benefício do nosso povo, tantos anos sacrificado. Hoje, os sacrifícios
continuam, quiçá, de forma mais violenta. Pelo que, essa liberdade não está, a
nosso ver, totalmente conseguida.
Sabemos que os valores que perseguimos são,
por uma grande parte, considerados uma utopia. No entanto, permitimo-nos
continuar a acreditar em valores que consideramos cada vez mais fundamentais
para a humanidade: a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade.
Sentimos
que é difícil falar desses valores aos portugueses, quando, neste momento, se
retiram, quase diariamente, conquistas obtidas com muito esforço pelos
trabalhadores e pelo povo, depois dessa manhã de Abril de 74.
Sentimos
que é difícil falar naqueles valores aos mais de 830 mil portugueses que se
encontram desempregados e sem perspectivas. Sendo que desses, 997 são, neste
momento, o número conhecido de pessoas desempregadas no nosso concelho. Aqui
deixamos, uma vez mais, uma palavra de solidariedade e de esperança para todos
os que, no concelho da Nazaré, estão a atravessar esse mau momento de falta de
trabalho. Desejamos fortemente que muito em breve possam voltar a ter um trabalho
digno, estável e com futuro.
Onde
está Abril quando não são dadas às nossas fábricas condições para lutar em
igualdade de circunstância com as indústrias dos outros países? Indústrias que
têm apoios dos seus governos nos custos mais baratos de energia, combustíveis,
transportes e impostos. Como poderemos alguma vez competir de igual para igual?
Onde
está Abril quando temos necessidade de apoio médico e medicamentoso através do
Serviço Nacional de Saúde? Como podem estar a ser pedidos tantos esforços ao
povo também nesta área, onde já quase tudo se paga? Querem levar-nos a ter que
recorrer aos grandes grupos particulares que já abundam na área da saúde, e que
estão a ganhar fortunas à custa da falta de saúde dos portugueses! É necessário
que se continue a lutar fortemente pela defesa de um Serviço Nacional de Saúde
ao serviço dos portugueses.
Onde
está Abril quando clamamos por justiça?
Será que
temos que esperar muito mais tempo por uma justiça com igualdade de direitos
para ricos e pobres? Atualmente, quem pode pagar, tem, quase sempre, a possibilidade
de não vir a ser condenado. Ao invés dos mais pobres, que, quase sempre, são
rapidamente julgados e sentenciados.
Onde
está Abril? Onde está Abril?
Os militares fizeram o 25 de Abril para dar a liberdade ao povo! Nós, e as futuras gerações, somos os herdeiros dessa revolução! Teremos que ser também nós, todos, a combater contra os poderes exorbitantes dos novos “senhores do planeta”: os mercados financeiros, as grandes multinacionais, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE), a União Europeia (UE) a Organização Mundial do Comércio (OMC), entre outros.Sente-se que os povos estão no limite da sua paciência com as actuais políticas ditadas e comandadas pelos chamados mercados financeiros, que outra coisa não são do que fantoches do capitalismo.
À conta
das suas investidas capitalistas pelos países soberanos, verificamos que poucos
irão ter capacidade de resistir sem ter que pedir ajuda exatamente a quem
provocou esses cataclismos. Nunca as troikas mercantilistas, ao serviço dos
grandes grupos financeiros mundiais, deixarão de perseguir os pequenos e mais
fragilizados países, até conseguirem a sua submissão. Os seus truques, mais do
que conhecidos, levam ao empréstimo de grandes verbas, que apenas servem para
que, a partir do momento em que se receba esse empréstimo, não mais se deixem
de pagar juros de valores astronómicos que inviabilizam por completo a
recuperação económica e financeira dos países, na maior parte das vezes já
asfixiados pelo roubo, ou pela venda antecipada das suas mais-valias, calhando
aos trabalhadores e ao povo a maior dose de esforço no pagamento dos erros dos
seus governantes.
Sente-se
isto também por cá, pela nossa terra.
A
Nazaré é o espelho do que acabei de descrever. Também caminha de empréstimo em
empréstimo, até à bancarrota final.
Os
demasiados anos na (des)governação do executivo municipal, liderado pela mesma
pessoa, levou-nos até esta vergonha que é estarmos dependentes de empréstimos
de terceiros, sabe-se lá a que preço, para poder sobreviver mais um dia.
Já
quase tudo se vendeu! Já quase nada mais tem valor que chegue para suportar a
enorme dívida!
Também
a Nazaré precisa urgentemente que se cumpra o 25 de Abril!
A nossa
terra e o seu povo estão habituados às tormentas, têm por isso condições e
capacidades para sobreviver a mais este temporal! E nós queremos ajudar a essa
sobrevivência, exatamente porque acreditamos no valor dos Nazarenos!
Há que
apostar fortemente nas coisas que sabemos fazer bem!
Tem que
se falar abertamente e sem rodeios com todos os intervenientes na nossa área
empresarial e industrial e tentar rapidamente assumir um compromisso com todos
os Nazarenos. Temos que nos ajudar mutuamente sem concorrermos contra nós
próprios. Não devemos, por pura ganância, afugentar quem nos visita e apenas quer
partilhar connosco a nossa terra e os nossos costumes.
A
Nazaré chega para todos!
Devemos
desenvolver ao máximo as coisas que temos e as que sabemos fazer bem, tais como:
o turismo, a pesca, a agricultura, a indústria, o comércio, o mar enquanto
local de desporto e lazer, as belezas naturais, os nossos monumentos, a zona
histórica, a nossa cultura, etc.
Poderemos
não ter dinheiro! – É uma verdade que infelizmente nos vai acompanhar durante
muitos mais anos! – No entanto, isso só deverá fazer com que tenhamos mais
engenho e arte para poder ultrapassar essa fatalidade.
Não
será pelas dificuldades em que nos colocaram, que não devemos continuar a lutar
pelas coisas que fazem mais falta na nossa terra. Falo, por exemplo, do novo
edifício do Centro de Saúde. A população local e os turistas não podem
continuar a ser atendidos naquele edifício pré-fabricado com 30 anos e sem
condições. Devemos todos continuar a exigir ao governo a rápida construção de
um novo edifício para albergar os serviços de saúde na Nazaré.
Devemos
também, todos nós, olhar para as nossas colectividades enquanto polos
dinamizadores de projectos e vontades populares, que devem ser apoiados. Não
apoiar essas associações e instituições é amputar uma parte importante do nosso
património humano e das nossas raízes culturais.
Hoje,
mais do que nunca, as colectividades têm, entre outras, uma importante palavra
a dizer no que respeita à ajuda a causas sociais, sobrevivência e direitos
humanos. A Nazaré não é, infelizmente, exceção à fome que já hoje grassa pelo
país.
Sem medo das palavras, há que assumi-lo com frontalidade!
Há que pedir ajuda para ser ajudado! Ninguém precisa apenas de caridadezinha. É
preciso ajuda concreta. É preciso matar a fome! Pedir ajuda, nestes tempos, não
pode, ser vergonha para ninguém!
Onde
está o 25 de Abril?
Ele
continua adiado! Caberá a todos nós lutar para fazê-lo renascer!
Enquanto
tivermos forças para lutar, seguiremos em frente, na procura dos caminhos da
solidariedade e do desenvolvimento humano que pretendemos para o nosso país e
para a nossa terra, sempre na busca de uma sociedade mais justa e igualitária,
onde um homem não possa ser explorado por outro homem.
Foi
sempre assim feita, e assim continuará no futuro, a luta dos militantes e
simpatizantes do PCP e da CDU, na procura de um Portugal melhor para todos.
Por
isso, hoje, sentimos ainda mais necessidade de gritar.
A Luta
Continua!
Viva o
verdadeiro 25 de Abril!
Viva o Concelho da Nazaré!
Viva Portugal!
Nazaré, 26 de Abril de 2012
A Representação da CDU na Assembleia Municipal da
Nazaré
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