Decorreu hoje, dia 25 de Abril de 2011, uma reunião extraordinária da Assembleia Municipal da Nazaré.
Esta sessão evocativa do 25 de Abril de 1974, decorreu em Famalicão no salão do Clube Recreativo Estrela do Norte, com a presença de bastante público que assim deu um maior brilho a esta sessão solene.
Estiveram presentes os elementos dos partidos representados na Assembleia Municipal, com excepção do Bloco de Esquerda que não se fez representar. Estiveram ainda presentes, todos os elementos do elenco governativo da Câmara Municipal da Nazaré, bem como alguns elementos das forças de segurança do nosso concelho, e ainda representantes de associações do nosso concelho que entenderam participar.
Deixamos a seguir, para conhecimento dos interessados, o discurso do Deputado Municipal representante da CDU – Coligação Democrática Unitária.
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal
Exmas. Sras. e Srs. Deputados Municipais
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal
Exmas. Sras. e Srs. Vereadores
Exmos. Convidados
Exmas. Sras. e Srs.
Comemoramos uma vez mais, com exaltação, a data em que há 37 anos foi devolvida aos portugueses a liberdade.
Comemorar o 25 de Abril, é, sobretudo, uma atitude de cidadania dos portugueses.
Não devemos, em circunstância alguma, deixar esquecer ou apagar da memória, esta importante data.
Celebramos mais este aniversário da Revolução de Abril num contexto de um cada vez mais brutal agravamento das condições de vida dos trabalhadores e do povo português. Começamos por isso, desde já, por lembrar todos os cerca de 700 mil portugueses que se encontram desempregados, dos quais cerca de 900 são do nosso concelho. Não podemos esquecer também essas e esses nazarenos, por isso aqui deixamos uma palavra de solidariedade e de conforto, neste momento que estão a viver, que esperamos e desejamos possa ser muito breve. Devem continuar a ter esperança, mas, sobretudo, devem lutar por conseguir um trabalho digno e com segurança de futuro. Não desistam de lutar!
Não pode considerar-se concluído o 25 de Abril, enquanto não houver trabalho e pão para todos os portugueses, bem como o direito à saúde e à educação iguais para todos.
A soberania do nosso país e do nosso povo, não pode ser trocada por esmolas que serão pagas no futuro a peso de ouro, e que, por certo, encherão os bolsos de uns quantos habituais oportunistas das desgraças alheias, que eles próprios, em muitos casos, provocaram.
Não pode considerar-se concluído o 25 de Abril, enquanto a justiça for desigual para ricos e para pobres. Os que não podem defender-se são quase sempre julgados e condenados! Os que podem pagar, vêem os seus julgamentos durarem anos e em muitos casos prescreverem sem qualquer punição.
Não é este, o país que queremos continuar a ter! Nem foi para isso que se fez o 25 de Abril!
Queremos um país onde todos tenham os mesmos direitos e os mesmos deveres! Onde todos possam sentir-se seguros e protegidos. Onde não haja benefícios que advenham dos lugares públicos ocupados, ou do estatuto social adquirido. Onde não haja clientelismo e compadrio. Onde não haja tanta desigualdade social.
Não pode considerar-se concluído o 25 de Abril, enquanto não houver prestação de cuidados de saúde de primeira qualidade para todos os cidadãos. Os cuidados de saúde são um direito constitucional! É obrigatório que também neste como em todos os pontos, se cumpra a constituição!
O nosso povo não pode continuar a pagar aquilo a que deve ter direito, só porque as politicas de alguns quase destruíram o Serviço Nacional de Saúde. Essa que foi uma das conquistas de Abril e que forçosamente tem que ser preservada!
E terá que ser o povo a lutar, ardentemente e em força, por ela!
A nossa terra precisa urgentemente de melhores condições, estruturais e humanas, para o necessário atendimento público, na área da saúde, que todos merecemos. Também todos nós nazarenos teremos que estar unidos na luta pela construção de um novo edifício para acolher o Centro de Saúde da Nazaré, bem como a consolidação em boas condições das extensões de Valado dos Frades e de Famalicão!
É muito importante que não se deixe para uns, poucos, uma luta que deve ser de todos! Lutando e exigindo havemos de conseguir!
Não podemos perder mais tempo acreditando em promessas de falsos profetas que apenas querem deixar o tempo correr, enquanto continuam a usufruir chorudos ordenados pagos pelos nossos impostos, que melhor uso teriam se fossem empregues naquilo que realmente nos faz falta. Este é mais um 25 de Abril adiado!
Na área da indústria teremos também que desenvolver uma prática de apoio às empresas existentes no nosso concelho e a nossa criatividade terá que servir para apoiar a criação de mais empresas ligadas às novas tecnologias e ao meio ambiente, pois entendemos que no futuro é por aí que aparecerá mais desenvolvimento e consequente criação de postos de trabalho.
Tem necessariamente que haver um maior investimento e apoio na área das pescas e dos produtos do mar, bem como das empresas que deles dependem. Do nosso mar não se pode aproveitar só o peixe!
Teremos que ter as vistas mais largas e tentar rapidamente produzir uma verdadeira marca turística própria. A Nazaré, devido à sua localização privilegiada, está no caminho de todas as maiores cidades do país. Dentro de pouco tempo estaremos ainda mais perto das grandes cidades do interior de Portugal. Teremos que fazer já hoje o nosso 25 de Abril do desenvolvimento e do entreposto comercial e turístico que a nossa zona oferece! Não podemos ficar mais tempo parados!
A nossa atitude actual de povo calmo e resignado, não eram o apanágio dos velhos lobos-do-mar da Nazaré e de Portugal, que sempre contra ele lutaram mesmo sabendo que, por vezes, isso lhes era fatal.
Lembramos aqui também os militares de Abril, a quem sempre agradecemos por terem feito o 25 de Abril de 1974 e terem entregue a liberdade ao povo português.
Lembramos ainda todos os antifascistas que lutaram contra o anterior regime, nomeadamente os militantes e simpatizantes do Partido Comunista Português, que nos noventa anos de vida deste partido, lutaram, e lutam, por um Portugal melhor para todos, alguns nesse tempo, pagando com a vida essa sua determinação.
Teremos que, lembrando esses heróis de outros tempos, continuar a sua luta em busca do nosso desenvolvimento e da nossa emancipação.
Não podemos, nestas linhas, esquecer a débil situação financeira do nosso município. Sabemos que não podemos voltar atrás para alterar o que de mal foi feito. Não devemos também continuar a pensar que, no futuro, não se podem alterar as coisas. Apenas teremos que utilizar novas políticas e novas pessoas.
O que temos actualmente na Nazaré e em Portugal é um 25 de Abril adiado!
Só o povo pode e tem condições para mudar! Assim perca o medo de fantasmas que ainda existem na sua cabeça! Sabemos que esses fantasmas foram incutidos pelos que dependem só da política para viverem à farta, empurrando o povo trabalhador para o buraco que esses maus políticos e seus amigos cavaram, durante os últimos 36 anos.
Tenham a coragem de mudar de atitude e de políticos!
Os três dês, dos militares do 25 de Abril, estão esgotados. Preferimos nem falar dos outros novos dês.
Ousamos, porque ainda acreditamos ser possível, falar uma vez mais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Não se cumprirá Abril, enquanto não aparecer o verdadeiro 25 de Abril!
Caberá a todos nós, lutar por fazê-lo renascer!
Viva o verdadeiro 25 de Abril!
Viva a Nazaré!
Viva Portugal!
Sem comentários:
Enviar um comentário